Qual é a tua interpretação do poema que escolheste e qual o impacto deste a nível global? Mariana Belo (M.B.): “A Woman Dead in Her Forties” de Adrienne Rich é ...
Frustra-me que, ainda assim, se questione a necessidade de um Dia Internacional da Mulher com o argumento de que não há um Dia Internacional do Homem. Se a nossa ideia de um Dia Internacional da Mulher se resumir à oferta de flores, então se calhar não faz muito sentido. Tudo isto são fatores com grande impacto para a qualidade de vida das mulheres em todo o Mundo e indicadores de que estamos ainda longe de alcançar igualdade de género. Apesar de existir uma maior consciência desta desigualdade, os obstáculos que vão surgindo, assim como as soluções que os mesmos exigem, vão tomando novas formas a que o feminismo se deve adaptar. Esta necessidade de evasão é representada de forma íntima e inefável, tornando-se a luta interna de Plath na luta de todas nós. Fui lendo alguns textos da sua obra She Had Some Horses e fiquei presa ao seu último poema, “I Give You Back”, pois foi aquele que me causou uma maior reação emocional após a primeira leitura e com o qual me relacionei mais a um nível pessoal por retratar uma mulher que finalmente se emancipa do seu “gémeo” opressor – o medo. (M.B.): Eu gostaria de ver este dia como um símbolo de igualdade conquistada e de uma luta passada, mas penso que ainda estamos a milhas desse objetivo. Basta olharmos para o que aconteceu nos Estados Unidos, para retrocesso de Roe vs. A natureza intimista e particular deste poema é também aquilo que o torna universal – a complexidade das relações, não só naquilo que é partilhado, mas também, e talvez sobretudo, naquilo que fica arrecadado nas sombras, no receio e na distância que cultivamos; a intimidade de que abdicamos porque a vulnerabilidade da conexão emocional nos paralisa e silencia. O foco do poema está em todo o espaço que ficou entre elas, os sentimentos que ficaram por consumar (“I would have touched my fingers to where your breasts had been/ but we never did such things”) e os silêncios impossíveis de preencher (“We never spoke at your deathbed of your death”). A obra representa uma dualidade entre o querer ser uma boa mãe e mulher e a vontade de fugir à realidade imposta ao feminino. Lúcia Sousa (L.S.): De uma forma muito parecida à própria poesia, Elizabeth Bishop desafia não só os paradigmas dominados por figuras masculinas, mas também o panorama da poesia escrita por mulheres sobre mulheres.