Paulo de Carvalho

“Nos últimos anos, a doença não o impediu de ser autor de coleções e de livros sobre a história do fado que se tornaram referência. Últimos anos em que reforçou ...

E antes de a ler, pensei: ora aí está uma boa oportunidade para uma referência, um parágrafo, uma nota de rodapé sobre o José Manuel Osório, um homem que se dedicou tanto a fazê-lo brilhar. Empenhou-se e esvaziou o seu talento em função do talento do Paulo de Carvalho. “Foi aí que o Tozé Brito e o Manuel Faria, dos Trovante, se chegaram à frente. “Só que li a biografia oficial de Paulo de Carvalho. E foi aí que o Partido Comunista também se chegou à frente. Foi a única vez que o vi chorar ao pé de mim. Paulo de Carvalho não podia continuar a pagar-lhe por um trabalho que não sabia se ele poderia continuar a fazer. Apeteceu-me várias vezes, ainda com ele em vida, falar publicamente do que o meu pai sofreu no dia em que Paulo de Carvalho lhe disse que já não podia contar mais com o seu trabalho. E o meu pai deixou de ter trabalho e ficou com uma mão à frente e outra atrás. “É pornográfico dizer que Paulo de Carvalho é “generoso e solidário” (…) não posso deixar em claro a extraordinária capacidade de Paulo de Carvalho ser seletivo no modo como se lembra ou, se preferirem, no modo como se esquece. “Nos últimos anos, a doença não o impediu de ser autor de coleções e de livros sobre a história do fado que se tornaram referência. Últimos anos em que reforçou a militância política e tornou-se publicamente visível o combate que liderou contra a discriminação de doentes com SIDA.