Cinema

2023 - 1 - 7

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Image courtesy of "Diário de Notícias - Lisboa"

Na companhia de Pedro Costa (Diário de Notícias - Lisboa)

Seis mil em 60 cinemas. É verdade que pouca gente pode ver os meus filmes nas salas portuguesas. Estreiam em três ou quatro. Rondam os cinco mil espectadores.

O que me entristece é o modo como a ligeireza das palavras de Pedro Costa, ainda que inadvertidamente, vem alimentar os discursos mais cínicos, e também mais destrutivos, que sempre acompanharam o cinema que se faz em Portugal. E esta observação não contém ironia: assim como as intenções do criador são indiferentes a qualquer abordagem crítica (é a obra que conta), assim também a rejeição dessa abordagem pelo próprio criador envolve um raro misto de desafio, coragem e solidão que me merece todo o respeito. O que me desconcerta é que Pedro Costa varra assim da memória jornalística e cinéfila a avalanche de abordagens da sua obra escrita em Portugal, a começar pelas apoteóticas formas de consagração (em que não me reconheço, é verdade) que encontrou com as suas duas primeiras longas-metragens, O Sangue (1994) e Casa de Lava (1997). Não é fácil, reconheço, já que o site privilegia alguns textos não portugueses ("International reviews"), destacando os logótipos de quase duas dezenas de publicações, incluindo The New York Times, The Guardian e a revista Sight & Sound. Citando-o: "Vivemos num país a sofrer o embate da televisão e desse verdadeiro eletrochoque a que deram o nome de "ficção portuguesa". Não me é possível falar sobre a obra do cineasta português Pedro Costa a partir de um ponto de vista neutro, distante ou desapaixonado.

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Image courtesy of "UOL"

Como a história real do sequestro de um avião no Brasil em 1988 ... (UOL)

Marcus Baldini está no comando do ambicioso longa 'O Sequestro do Voo 375'

"Já que temos uma exploração do mercado brasileiro, feita por empresas de fora, parte desse dinheiro precisa ser remetido para que a produção nacional também seja fomentada. As pessoas precisam entender que produzir para vender a propriedade intelectual e não ter mais nada a ver com isso é um colonialismo que precisa ser revisto. Desta forma, há a expectativa de um fortalecimento do setor audiovisual brasileiro, através do incentivo de novas obras e da proteção da identidade nacional. Ele não está sendo apoiado por ninguém, é uma história de solidão, sobre pessoas que são abandonadas por um sistema." Multifacetado, Baldini vai de "Uma Quase Dupla" (2018) a "Bruna Surfistinha" (2011), mas esta é a primeira vez que abraça um filme de ação com tanto porte. Mas, com o ineditismo, vem a missão de abrir um caminho.

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