Entrevista exclusiva com um dos arquitetos da Baixa. André Caiado fez o projeto do quarteirão da Suíça e do DN. Esta é a sua visão de Lisboa.
O piso ao nível da terra pelo menos é quase sempre dedicado a comércio e retalho porque é imbatível o que se pode retirar de mais valia. É uma entidade diversa do resto, uma luz que Portugal tem, uma zona plana onde é fácil deslocarmo-nos e uma quantidade de objetos estéticos interessantes, que fazem a diferença. Estamos a falar de toda uma estrutura social que é avessa à mudança. O promotor que decidiu desenvolver o quarteirão, na minha opinião e na opinião dele, não sabia muito bem onde se estava a meter. Uma loja de gelados, aliás, é um muito bom exemplo para mostrar o que é uma cidade: quase todos nós sabemos qual é a nossa gelataria preferida. Depois temos que o maior custo do desenvolvimento da cidade é o tempo das aprovações dos municípios, sistemas que funcionam muito mal e que não se conseguem resolver. Podemos trocar edifícios, mas temos dificuldade em trocar o percurso que fazemos de um ponto A a um ponto B. A cidade começa com o utilizador e com o espaço. E o aparecimento de lojas de comércio de roupa, um negócio de alto rendimento. A cidade precisa de uma gestão e o arquiteto é uma pequena parte dessa gestão. O arquiteto pode ser um instrumento de adaptação da cidade para a criação de uma maior qualidade de vida. E o centro da cidade, já nessa altura, tinha a ópera e palácios e já tinha o hospital.
Fenómeno dá-se quando há maré cheia e queda abudante de chuva. Inundações estão na lista dos riscos a que Lisboa está mais vulnerável.
Esta semana foi levantado o aviso laranja, e um pedido para que “não se saísse de casa”. Há uma faixa entre as colunas e o estuário do Tejo muito vulnerável aos riscos de sobre elevação da maré”, dizia Cristina Lourenço, responsável pelo PAC, da CML, na sua apresentação. Foi o que bastou para que a cidade ficasse alagada, sobretudo as zonas mais baixas da cidade – assim como os concelhos de Oeiras, Sintra, Cascais, Loures e Odivelas. Terá acontecido este fenómeno de Storm Surge – Maré de Tempestade – algo a que se assiste quando o nível das águas do Tejo sobe por efeito da maré e isso se associa a um temporal. Foi o que disse em cima dos acontecimentos desta semana Carlos Moedas, o presidente da Câmara: “As mudanças climáticas são terríveis. [são elevados e vão agravar-se ao longo do século](https://amensagem.pt/2021/08/03/plano-de-lisboa-crise-climatica-zer-emissoes-reduzidas-sol-energia-carros-subida-aguas-tejo/).