Antes, o FC Porto é uma espécie de actor secundário do campeonato português. Que o diga Henrique Dias Faria, sócio número 1 do FC Porto entre Maio 2010 e Agosto ...
Coluna dá para o lado e a bola de Neto fura a barreira para o 2:0. O FC Porto recolhe os 490 contos a que tem direito e envia para Lisboa a percentagem prevista para o Benfica: 155 contos. Daí que o dirigente Aníbal Abreu tivesse enviado da Urgeiriça um telegrama a Maurício Vieira de Brito, presidente do Benfica, a sugerir que prescinda da sua parte da receita a favor do desvalido FC Porto. O senhor Henrique Dias Faria sabe do que estamos a falar. Advogado devidamente estabelecido na cidade do Porto, enquanto deputado da fascista União Nacional, em três legislaturas (de 1935 a 1945), é presidente da Direcção do FC Porto, entre 1938 e 1939. E o passivo do clube ascendera a 5834 contos. É que aos 87 minutos o FC Porto perde 2:0 para satisfação do vira-casacas Guttmann, que trocara Porto por Lisboa no Verão 1959 com a desculpa esfarrapada do clima húmido do Norte como desvantagem para a saúde da sua mulher. Antes, o FC Porto é uma espécie de actor secundário do campeonato português. Em finais de Março 1960, às portas de um clássico para a 23.ª jornada da 1.ª divisão, o FC Porto encontra-se num caos inimaginável. No decorrer do século XX, durante anos, anos e mais anos, os 22 bonecos presos a barras de ferro impregnadas de óleo e aí dispostos de norte a sul do país representam o dérbi de Lisboa, entre Benfica e Sporting. Que o diga Henrique Dias Faria, sócio número 1 do FC Porto entre Maio 2010 e Agosto 2011. Passam os tempos, vira-se o século e aí está a mudança de paradigma.