Escrevo essa carta ao senhor com uma mensagem que o senhor já ouviu da CIA e de governos estrangeiros: respeite os resultados das urnas.
O último grande constrangimento que o senhor promoveu foi usar um funeral de estado para fazer campanha eleitoral, para o espanto de todos. Se o senhor optar por contestar o voto, a urna, o TSE e o sistema eleitoral brasileiro, estará jogando o Brasil num de seus momentos mais perigosos e aprofundando o isolamento do país no mundo. Como trazer de volta milhares de brasileiros que foram assassinados por uma gestão criminosa da pandemia? O senhor destruiu pontes e criou inimizades com alguns dos nossos principais parceiros comerciais. A história não poupará o senhor. Com o falecido Shinzo Abe, o senhor ensaiou uma piada fora de lugar. Mesmo que tivesse de trocar a plaquinha com os nomes que o protocolo havia posto para a disposição dos convidados. Naquele mês, no Fórum Econômico Mundial de Davos, o senhor teria um almoço com os anfitriões, que também convidavam todos os líderes presentes para um encontro fechado. Ao debater uma proposta, a alemã advertiu ao grupo que "os brasileiros teriam problemas" com tal ideia que seria submetida à consideração da comunidade internacional. Ela, porém, foi interrompida por outro chefe de governo que brincou: "os brasileiros têm um problema ainda maior". Mas assim que ela foi divulgada, a assessoria do ex-primeiro-ministro do Naquele mesmo dia, o senhor esbarrou com Tony Blair, num dos corredores de Davos.