Sigur ros

2022 - 9 - 28

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Sigur Rós no Campo Pequeno [Reportagem] (My Sound magazine)

Lisboa é, cada vez mais, a capital quando falamos de grandes eventos culturais e ao contrário de epifanias que acontecem em Coimbra, Lisboa continua a ter ...

Infelizmente para ver um espetáculo como o de Talvez pela idade ou pelo nicho de público em questão a média de telemóveis que filmaram o concerto ou partes dele foi bastante diminuto, levando a crer que não estavam ali só para mostrar no dia seguinte que ali estiveram, mas para estar a apreciar os temas dos Sigur Rós. Mas mesmo não passando pelo país mais a oeste da Europa o público português não se esqueceu da emoção que é ouvir um concerto e ver um espetáculo de sigur Rós.

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"Slow but loud". Os Sigur Rós voltaram a Portugal e encantaram o ... (Diário de Notícias - Lisboa)

Banda islandesa voltou a Portugal seis anos depois da última passagem. Desta feita em Lisboa, no Campo Pequeno que, cheio, se rendeu às sonoridade ...

Depois do som mais agressivo, pesado e agitado da faixa homónima do disco de 2013, a primeira e única interação de Jónsi com o público. Mas foi já perto do final, com Festival, que se viu um Jónsi mais extrovertido - e público a saltar e a bater palmas ao ritmo da música -, com a figura de proa dos Sigur Rós a dirigir-se várias vezes à beira do palco para puxar pelo público. Seguiu-se outra viagem no tempo com Gong, de 2005, mais mexida, eletrónica e com um som mais acessível, que casou na perfeição com a sucessora, Andvari, com as luzes do cenário a vermelho e rostos de crianças projetados no ecrã, antes de todos os membros da banda abandonarem o palco no final da canção, com a luz a iluminar o público, antes de regressar a território novo, com Gold 4, tocada praticamente à luz da vela. Já com uma configuração de palco diferente (também ela muito pouco convencional, com luzes em forma de lâmpada um pouco por todo o lado, uma espécie de cordas verticais e um ecrã gigante, ao fundo) o regresso fez-se com Glósóli, muito aplaudida logo nas primeiras notas. Mas foi com Svefn-G-Englar - que se diria ser o maior êxito dos islandeses, se é que tal existe - que os aplausos mais efusivos surgiram. Na reta final da primeira metade do espetáculo, houve espaço ainda para, num momento quase etéreo, o vocalista puxar do seu falsete continuamente durante longos períodos e entrar em comunhão com o público.

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Transe coletivo, rajada de sentimentos. Os Sigur Rós em roda livre ... (Expresso)

Nove anos depois da última passagem por Lisboa, os islandeses Sigur Rós voltaram para provar que ninguém pinta emoções com música como eles.

O abandono dos instrumentos e saída abrupta de palco dos quatro músicos parece espelhar o esgotamento emocional de um público que aguentou, estoicamente, perto de três horas de espetáculo. Com Jónsi em destaque na frente de palco, e holofotes vermelhos pulsando lá atrás, o arranque foi feito com o trio de canções que abre “( )”, entre as teclas esparsas de ‘Untitled #1 – Vaka’, secundando a voz acolhedora, sempre entre o desespero e a temperança, do cantor, o ambiente desolado com bateria ao jeito de coração arrítmico de ‘Untitled #2 – Fyrsta’ e a espiral em crescendo progressivo de ‘Untitled #3 – Samskeyti’, algures entre o registo de embalar e o despertar do amanhecer. [segundo declarações do baixista Georg Hólm à BLITZ](https://expresso.pt/blitz/2022-09-24-Sigur-Ros-Muitos-acreditam-que-gostamos-de-silencio-nos-concertos-mas-preferimos-que-as-pessoas-se-libertem.-Adoramos-tocar-em-Portugal-b9d1ddb2), é “um pouco mais intimista, um pouco mais difícil de digerir”. Momentos mais tarde, ainda em “Ágætis Byrjun”, a catarse percussiva de ‘Ný Batterí’, entre flashes e pingos de luz e vigorosos espasmos de corpo inteiro, surge como deixa perfeita para o grupo apresentar, banhada a dourado de pôr de sol, ‘Gold 2’, a primeira das duas canções novas, e inéditas, que escutámos esta noite. O seu rasgo portentoso, feedback transformado em música, com a voz de Jónsi a ecoar pelas entranhas da sua guitarra, permanece, até hoje, um dos melhores testemunhos de que todos os desgostos do mundo não só cabem na música celestial da banda como dão origem a algo francamente belo. “( )” é o disco em que a banda melhor encapsula aquela liberdade que sempre quis dar a quem ouve para interpretar e sentir a sua música: nenhuma das oito peças musicais tem nome oficial ou letras inteligíveis.

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