Moonage Daydream

Crítica: Documentário sobre David Bowie é tão psicodélico quanto sua carreira. Clique e acesse a matéria na íntegra na CNN Brasil.

Após um período sabático no sudeste asiático, Bowie voltaria a performar com o álbum “Let’s Dance”, julgado por muitos como seu álbum mais comercial. Seriam suas personas uma manifestação de algum distúrbio? Desde “Space Oddity” até “Blackstar”, Bowie popularizou, ainda no século 20, o que a geração atual chama de “era” de um determinado artista: mudam-se as roupas, o cabelo, o estilo musical e até o jeito de falar para adentrar em um novo conceito a ser apresentado para o público. Depois da bonança, a tormenta. Se a preferência for a segunda opção, o espectador vai se deparar com um documentário pouco linear e até confuso em alguns momentos, mas que busca apresentar as principais personas de David Bowie enquanto intercala trechos de shows com entrevistas nas quais Bowie fala sobre tudo: sexualidade, família e capitalismo. O filme realmente se inicia com diversas imagens que vão desde sessões de fotos de David Bowie e registros de seus shows, até cenas retratando a corrida espacial, o expressionismo alemão e peças de teatro do gênero japonês kabuki.

David Bowie foi um artista único e sua trajetória no mundo da música marcou gerações e influenciou diversos artistas. Além de ter composições marcantes e um ...

Pode-se acompanhar a evolução do chamado “Camaleão do Rock” como artista e seu amadurecimento, não só no mundo da música, mas também em sua vida pessoal. Tem intenção de apresentar ao espectador toda a carreira do artista e acerta em exibir as diversas fases de Bowie, não só mostrando suas músicas e performances, mas colocando em tela entrevistas em que ele mesmo fala sobre suas transformações. Morgen planejou o filme durante quatro anos e em dezoito meses criou as animações e a paleta de cores além das faixas de som.

Filme de Brett Morgen apresenta imagens e performances inéditas do cantor sem acenar para não convertidos.

Não diretamente, mas através de "O Homem que Caiu na Terra", ficção científica de Nicolas Roeg em que Bowie faz um alienígena desolado, alcoólatra e desiludido. A experiência por demais adensada dessas megassalas de cinema significa que Bowie se tornou onipresente, relativo a tudo que é da vida no mundo. Algo dos anos 2000 aparece em performances, assim como seus últimos registros, a ver o derradeiro "Blackstar". Em princípio, "Moonage Daydream" não diferiria de outros documentários que fazem uso de depoimentos e materiais de arquivo. Em suma, a trajetória intimista de Bowie, nada atípica, é contada por meio de uma experiência visual extremamente ativa. [Esse Bowie ator, sem dúvida, é quem estrutura o filme](https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/07/david-bowie-foi-artista-de-cinema-com-visual-presente-em-tudo-que-fez.shtml). Memoráveis, sobretudo, são as andanças de Bowie pelo Oriente, em trechos que se espalham ao longo do documentário. Nesse campo, de quebra, finalmente podemos ver mais detalhadamente a milimétrica atuação de Bowie na montagem teatral de "O Homem Elefante", na [Broadway](https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/02/broadway-renasce-apos-a-omicron-mais-barata-e-ate-com-aplausos-espontaneos.shtml). Se a fase Ziggy Stardust, a trilogia de Berlim e a guinada em que diz assumir seu talento para entreter em "Let’s Dance" são presenças mais fortes, os anos 1990 terão uma breve menção ao ano de 1995 do disco "Outside" com "Hallo Spaceboy" ou "Earthling" através das imagens de Bowie com cabelos espetados em cor ruiva e o paletó estampado com a bandeira britânica. O filme de Brett Morgen aposta numa trama de imagens extremamente imersiva, tonificada pela tecnologia das telas e sons à altura do Olimpo. A diferença está na natureza do material e na forma.

Moonage Daydream, documentário sobre David Bowie, será exibido a partir de hoje nos cinemas - Vida do camaleão do rock poderá ser vista em salas ...

Como o próprio David Bowie sempre foi, o filme “Moonage Daydream” é intrigante, complexo e difícil de ser rotulado.

“Moonage Daydream” não é bem um documentário e não serve tanto como introdução aos que pouco conhecem sobre o artista, mas oferece uma experiência imersiva e entretém especialmente a quem já se rendeu à gloriosa obra de um dos maiores artistas pop do século 20. Além de toda a história ser contada por ele, o aspecto inventivo e experimental de sua carreira aparece em vários elementos do audiovisual. O casamento com Iman já nos anos 1990 é abordado; logo depois, mergulha-se em um final pra lá de introspectivo que deixa uma sensação de incompletude no público. Jogava em seu favor o fato de David Bowie ser – como já citado – intrigante, complexo e difícil de se rotular. Estamos falando de um cara que se vestia de forma andrógina ou mesmo se travestia entre o fim da década de 1960 e início de 1970. Parecia ter o objetivo de ser um documentário sobre David Bowie feito pelo próprio. O quarto e último momento-chave é um desdobramento do terceiro: David Bowie, não exatamente acomodado, aceita o apelo popular e vira um astro com “Let’s Dance” (1983), seu álbum de maior sucesso comercial. Foi a maior influência de David em seu período de infância e juventude, pois parecia ser um sujeito diferente. De fato, era: ele foi diagnosticado com esquizofrenia e passou a vida internado até cometer suicídio, em 1985. Saímos de um show para uma verdadeira sessão de terapia com o astro. O longa tem direção, roteiro, produção e edição de Brett Morgen, o mesmo responsável por “Kurt Cobain: Montage of Heck”. Da mesma forma que bastava saber que Bowie era um artista, é suficiente ter conhecimento de que este filme é…

Foi em janeiro de 2017, por volta do dia em que a morte de David Bowie completava um ano. O diretor americano Brett Morgen teve um infarto e, ...

Esse é sobre vida, que não deixa de ser a percepção de que estamos morrendo a cada segundo." Embora não conte com os chamados "talking heads" – os depoimentos de terceiros que vão se sucedendo –, é possível vislumbrar detalhes biográficos entregues a pinceladas. A fase berlinense, de "Heroes", vem marcada por uma depuração no som e pelo minimalismo para que, nos idos dos anos 1980, o artista britânico caia na pista de dança em sua fase mais pop. Então, ainda na maca de um hospital, ele se lembrou de Bowie, com quem havia se encontrado 10 anos antes para um projeto de filme que nunca foi para a frente. "Minha vida estava fora de controle, eu era um workaholic", disse o cineasta, sentado à beira da praia, durante o Festival de Cannes, em maio passado. O diretor americano Brett Morgen teve um infarto e, por três minutos, segundo ele conta, o seu coração não bateu, levando-o direto para um coma que se arrastaria por cinco dias.

Aos fãs e afins, Moonage Daydream, cinebiografia assinada por Brett Morgen . Ou seja, a trajetória de David Bowie numa experiência imersiva através da ...

[Cultura](/revistaeletronica/categoria/cultura) [Por Sandra](/revistaeletronica/autor/SANDRABITTENCOURT) Especulações de Bowie no teatro ou como diretor de videos e até nas artes plásticas. Morgen, que também assina o roteiro e a montagem, cria uma dimensão dinâmica e excêntrica, explorando todas as possibilidades do objeto artístico e seus desdobramentos como na música, através de 48 temas remixados em alta potência de dolby atmos, além das estripulias no cinema a exemplo de O Homem Que Caiu na Terra, de Nicolas Roeg, Fome de Amor, de Tony Scott, Furyo Em Nome da Honra, de Nagisa Oshima, e por aí vai.

"Se não houver outra razão, é sempre algo excepcional ouvir a música de Bowie." Logo no começo de minha conversa com Brett Morgen, diretor de "Moonage ...

O retrato trazido por "Moonage Daydream" é, por fim, de reverência e celebração. Ao enxergar o trabalho de Bowie como uma atuação, Brett Morgen se sentiu livre para usar imagens de "O Homem Que Caiu na Terra", filme dirigido por Nicolas Roeg, não como Bowie atuando, mas como um registro do artista capturado nesse momento específico. "Eu fui para a sala de edição não só com a arte de David como ferramenta, mas também com a arte que o inspirou", explica. "Moonage Daydream" é uma colagem febril e vigorosa de uma vida retratada em momentos, com narração do próprio Bowie. "O que me pegou completamente despreparado foi perceber que o filme se tornaria uma espécie de mapa sobre como experimentar a vida de forma tão rica e tão completa, exatamente como David teve." "Moonage Daydream", ao contrário de