75 jovens anos de idade, aquele cabelo alourado, olhos penetrantes e torso marcado por feridas de guerra mas sempre, sempre, nu: Iggy Pop voltou a ser o ...
Até final ainda se ouviria o saxofone de 'Fun House', o verso-tatuagem que torna 'Gimme Danger' um portento (kiss me like the ocean breeze...), e um agradecimento: "isto faz com que a vida faça sentido". Dito isto, Iggy Pop em Vilar de Mouros não deixou de ter os seus fiéis, os que são incapazes de não entoar bem alto tanto as canções dos extintos Stooges como as de "Lust For Life", de não deixar que o corpo se agigante e procure romper as barreiras do tempo-espaço com cortorcionismos variados. Estavam em menor número, mas tiveram à sua frente mais um grandioso exemplo do porquê de Iggy Pop ter influenciado tanta gente e criado tanta história. Consideremos a seguinte blasfémia: ver um espetáculo de Iggy Pop, permanecendo absolutamente estático no mesmo sítio, sem sequer um abanico de cabeça que dê a impressão de headbanging. E, por último, consideremos proibi-los, por toda a eternidade, de voltarem a ver um único concerto que seja. Sabemos que deu num dos mais importantes artistas rock da história, figura deificada por jovens e seniores de Milão a Bogotá, de Vancouver a Tóquio, de Londres a Melbourne.
Recinto da mítica aldeia de Caminha acolheu no último dia do festival ″mais de 22 mil pessoas″ para assistir a concertos de nomes maiores da música como ...
Nós só sabemos trabalhar dessa forma, que é superar os nossos objetivos de ano para ano. [Diogo Marques](/entidade/pessoa/diogo-marques.html) da organização, a edição de 2023 vai realizar-se de 24, 25 e 26 de agosto e em breve serão divulgados já alguns nomes do cartaz. Gravamos e vamos entregar-lhe", contou Diogo Marques.
E arrastou 60 mil pessoas ao longo dos três dias. Nesta noite, Iggy Pop reinou, os Bauhaus seguraram a coroa.
Peter Murphy, em boa forma tal como todos os outros, ora ergue os braços para o céu ora trespassa o público com teatralidade no olhar ora abre os braços e demora-se a olhar para cima. Até nos falta o fôlego só de o acompanhar com o olhar mas recuperamo-lo logo a seguir para cantar com ele - the man. Peter Murphy, que chegou a segurar o seu magistral ceptro que ocasionalmente apontava para o público, entrou com passadas demoradas, austeras. O homem chegou irrequieto, aos saltos, a andar de um lado para o outro, ao mesmo tempo que a banda - com sopros, guitarra, baixo, teclas e violino - tocava o início de Five Foot One, do disco "New Values" de 1979. The Endless Sea - do disco New Values - Lust for Life e The Passenger - do álbum Lust For Life - arrebitaram ainda mais o público devoto que Iggy Pop tinha aos pés. É certo que agora os movimentos estão ajustados ao que o corpo de 75 anos o permite fazer, mas a garra continua jovial.
Vilar de Mouros encerrou este sábado com a maior enchente dos três dias. Numa viagem ao passado feita pelo norte-americano e pelos Bauhaus, subiram também ...
Depois ainda actuaram os Bauhaus de Peter Murphy, que parece ter assinado contrato vitalício com as promotoras de concertos nacionais. Em tronco nu, nada de novo aqui, um olhar que transmite perigo e numa forma física de quem parece ter feito ginásio a vida toda (estar em palco conta?) fez feliz muitos dos milhares que se Pelo menos esta é a impressão com que se fica depois de se ver Iggy Pop em palco, já com 75 voltas ao sol completas, mas a parecer estar pronto para mais umas quantas.
O rocker de 75 anos deu um concerto memorável na última noite do EDP Vilar de Mouros 2022. "Ele quer ficar para sempre com este concerto na memória", ...
"Ele quer ficar para sempre com este concerto na memória", contou Diogo Marques, diretor do festival. Antes o alinhamento tinha sido todo em português com The Mirandas, Blind Zero e The Legendary Tigerman, este último a fechar o seu espetáculo de forma explosiva com uma ode verdadeira ao rock and roll.. E levou logo ao delírio estas mais de 22 mil pessoas".
Iggy Pop é daqueles artistas que já o foi antes de o seu, o artista que antes do movimento punk surgir já o era… o homem que descobriu Berlin como grande ...
A "iguana" assinou o concerto lendário de Vilar de Mouros 2022. The Legendary Tigerman é português e caminha para o Olimpo. Bauhaus são ainda mestres da ...
Nota final, que merecia ser extensa, sobre o concerto de The Legendary Tigerman, artista ainda no auge, protagonista do que terá sido o melhor concerto do festival (o da lenda é de Iggy Pop, o da capacidade absoluta é de Paulo Furtado). Mas fica a sensação, comparando os dois últimos concertos do festival, que a máscara envelhece mais depressa do que o rosto, que Iggy Pop é hoje mais Iggy Pop do que os Bauhaus são os Bauhaus. Foi-se emocionando - "Estar aqui com vocês significa tudo" - , avançou e recuou no tempo da sua discografia, sempre escudado por músicos irrepreensíveis, reuniu o público à lareira para explicar que "I"m sick of you" é o seu tema favorito dos The Stooges, "o mais pobre, o mais sujo, o mais jovem", guardou um último fôlego para reaparecer de casaco de couro, que novamente despiu, não há nada mais rock"n"roll do que aquele peito, e terminou com mais duas jardas, "Down on the street" e "Search and destroy". [Iggy Pop](/entidade/pessoa/iggy-pop.html) fosse o herói de uma tragédia grega, a sua "húbris" - desmesura que no seu caso significa um desafio à natureza, insistindo, aos 75 anos, em manter-se como titã global do rock"n"roll - seria alvo de um castigo exemplar por parte dos deuses: a "némesis", que talvez fosse a condenação a atuar pela eternidade diante de uma plateia vazia. Sobre os Bauhaus, que encerraram o Vilar Mouros 2022, poder-se-á elogiar o profissionalismo e o rigor com que voltaram a montar o seu teatro gótico - e a pinta magnífica de Peter Murphy, agora careca e de barba, com ar de lorde saído de uma história de Edgar Allan Poe. A "iguana" assinou o concerto lendário de Vilar de Mouros 2022.
Do primeiro e do segundo já vos falámos, e para o fim ficou a maior enchente desta edição de retoma do histórico festival minhoto, com Iggy Pop e Bauhaus como ...
Um trio de abertura incrível que dá o mote para o resto da actuação, uma hora e meia de luxo que passou a correr, durante a qual a banda se permite a largar as emblemáticas «She’s In Parties» (com Murphy armado de uma melodica) e, acima de tudo, «Bela Lugosi’s Dead», lá para o meio do setlist, como se fossem outras quaisquer. O que não é discutível é que foi o melhor final que se poderia ter imaginado para o EDP Vilar de Mouros de 2022. Guardadinhos para o fim, os BAUHAUS, que também já não são nenhumas crianças, diga-se de passagem (todos com 65 anos à excepção do “miúdo” baterista, o Kevin Haskins, que tem 62), na última data de uma digressão europeia que tem sido um sucesso estrondoso, mostraram de forma cabal que merecem muito mais reconhecimento do que o que lhes é usualmente atribuído, eles que são normalmente reduzidos, tipicamente por imprensa com gritante falta de referências, a pioneiros do gótico enquanto género musical, e eles que são tão mais do que só isso. Esta ligação umbilical ao rock é o que define o Iggy Pop mais do que qualquer outra coisa, esta fome, esta vontade animalesca, que tal como aconteceu, por exemplo, com o Lemmy, vai certamente continuar a “obrigá-lo” a fazer isto tudo até ao dia em que a vida não o deixar mais. É recordar, por exemplo, que um tal de Michael Gira chegou a abrir para os Bauhaus com a sua banda pré-Swans, Circus Mort (um choque de grandes personalidades que parece que ia descambando, segundo os relatos da altura), ou então ir perguntar àquele senhor que parece que escreve umas coisas giras, o Neil Gaiman, em quem é que se foi inspirar para a figura do Sandman, agora que esse até está na berlinda outra vez. Irritado com um cabo que não o deixava ir mais longe, e certamente ainda a necessitar de alguma catarse no rescaldo da morte de um amigo próximo (o promotor e DJ Alfredo Macedo, que havia homenageado com «Fix Of Rock ‘n’ Roll» – “Esta é para ele. e o amor, foda-se!“), até aos malhões debitados que por momentos nos fizeram pensar que o pó que nos cagava as calças e nos entrava pelo nariz a dentro era mais do Arizona do que dos arredores de Caminha, tudo neste concerto transcendeu aquele conceito meio redutor que aplicamos às vezes, da bandinha portuguesa para consumo exclusivamente nacional – a verdade é que o Tigerman está ao nível de qualquer forasteiro que nos visite com posição de destaque no cartaz, e deu gosto constatar essa grandeza num dos palcos mais importantes cá do burgo. Numa altura da vida em que os sortudos de entre nós que lá chegam querem (ou precisam) é sopas e descanso, e tanta saúde quanto possível, este senhor veio da solarenga Florida onde reside, na companhia da sua esposa e de uma catatua hilariante (o Biggy Pop, e se não o conhecem, vão pesquisar que vale a pena), para se despir, como sempre fez ao longo da sua carreira e continua a fazer independentemente das marcas de guerra que o corpo apresente, à frente de milhares de pessoas, numa pequena aldeia no norte de Portugal, e cantar-lhes uns malhões que toda a gente conhece e adora. Não se pode dizer que tenha corrido mal – numa prestação competente, ainda que sem grandes rasgos, lá deu para uma espreitadela a alguns temas novos do vindouro «Courage And Doom» e relembrar outros já com alguma história no percurso do quarteto liderado por Miguel Guedes e Vasco Espinheira, mas como foi notório pela súbita enchente nas zonas de alimentação, a familiaridade também fez com que muitos prescindissem de ir para a frente do palco. Isto é tudo para ele.“), o Tigerman foi gritar para o meio do público, desafiou seguranças, fez atrasar o concerto seguinte (de um tal de Iggy qualquer coisa), “pediu emprestada” uma máquina fotográfica que ousou estar no caminho de volta para o palco depois da incursão pelo público, atirou uma guitarra pelo palco afora, enfim, fez um estardalhaço daqueles, perante o olhar meio surpreendido dos seus próprios colegas de banda, nitidamente sem saber bem o que ia dar aquela mercurial situação. Sem serem propriamente novidades a nível nacional (oitavo concerto em Portugal do primeiro, e segundo em Vilar de Mouros; e quinto dos britânicos, que ainda assim já não nos visitavam desde 2006), são nomes de influência universal para cativarem sempre a imaginação de largas facções de público quando os seus caminhos se cruzam com os nossos. Uma escolha meio surpreendente, verdade seja dita – o substituto dos australianos acabou mesmo por ser o Tigerman que “já lá estava” (e na humilde opinião deste escriba, até é um upgrade para aquele slot), vindo a banda portuense, que à terceira aparição no festival já é praticamente um nome “da casa”, mais para tapar esse buraquinho de segunda-banda-do-dia como aparente último recurso do que outra coisa.
No último dia atuaram os portugueses The Mirandas, Blind Zero e The Legendary Tigerman. Mas os mais aguardados eram Bahaus e Iggy Pop. Mais de vinte e duas mil ...