Icaro

Aos 35 anos, o ator lembra as dificuldades da infância, o apoio incansável de sua mãe para fazer teledramaturgia e o legado que deseja criar.

Nesse episódio do Arquivo Confidencial passa uma matéria que fiz no Fantástico, quando eu tinha 8 anos, que foi no lugar que desabou e a gente teve que sair da favela de onde a gente morava. Por mais que eu tenha ganhado muitos haters, muitos mesmo, tive o apoio de muitas pessoas, que estavam ligadas no que eu estava falando e que se identificaram. As primeiras festas que fui eram sempre lugares brancos e normativos que passei a perceber que não eram o meu mundo e nada tinham a ver comigo. E aí ele, minha mãe e eu começamos a compor uma música para falar do cosmos, que eu sei que é um assunto que dá um gatilho nele, porque meu pai ama Física Quântica, Mecânica. Teve filhos, a minha irmã foi roubada pela família da minha mãe e ela teve que juntar dinheiro para conseguir resgatá-la. E ser respeitado não significa agradar a todo mundo, muitas vezes é o oposto, significa desagradar muita gente para que você se mantenha fiel a quem você é e ao que você acredita. Falo para minha irmã que a gente é coadjuvante da história da nossa mãe. Faz tempo que eu não digo isso, mas a minha vida é pé no chão e a cabeça nas nuvens. Eu tenho o meu roteiro, cada um tem o próprio capítulo e a gente já chega para fazer, então é muito importante que o jogo esteja vivo, que você esteja contracenando com pessoas dispostas a jogar. Sabia que o livro era um universo interno, que você podia viver ali uma realidade dentro da sua cabeça, mas ali era como se eu dividisse uma coisa da minha cabeça para a sua. Ela dizia que a única coisa que o pobre tem é o nome. Se do pai herdou a curiosidade pelas letras, da matriarca puxou uma sabedoria do dia a dia, a eloquência e o espírito de liderança.